segunda-feira, 31 de maio de 2010 às 19:29
História da Psicologia no Brasil

Há mais de mil anos, o homem se percebeu como um ser pensante, inserido em um complexo que chamou de Natureza, vem buscando respostas para suas dúvidas e fatos que comprovem e expliquem a origem, as causas e as transformações do mundo. No entanto, falar sobre história da Psicologia no Brasil não é um simples trabalho de “recorte”. Falar sobre história da Psicologia é uma tarefa muito mais complexa e multifacetada.
Pois a psicologia, como profissão, nem sempre existiu: ela foi construída ao longo da história. Surge da tentativa de compreender um fenômeno social novo respondendo, assim, a uma demanda que se insere em um movimento político-ideológico historicamente datado.
Este "fenômeno novo" é o sentimento de "eu". Suas origens encontram-se na revolução burguesa que, transformando a organização feudal, instaura uma nova forma de organização social.
No mundo feudal, hierarquizado em escala de valores e verdades diretamente ligadas à vontade divina, homens e mulheres tinham seus lugares definidos. Cabia-lhes, apenas, manter o que já estava pronto, e cuja organização seguia a mesma ordem que regia o universo: a terra no centro e a religião oferecendo as referências ético-morais a serem seguidas. Era um mundo paralisado, onde a possibilidade de mudanças sociais era impensável, pois cada um já nascia com um lugar pré-definido e imutável. Esta sociedade, que desconhecia a individualidade e onde, consequentemente, a noção contemporânea de sujeito inexistia, não precisava da Psicologia.
As idéias liberais transformaram radicalmente este mundo estanque.
Estavam lançadas as bases para o próximo passo: o surgimento paulatino da noção de sujeito e, por extensão, a de "eu" separada da de "nós”.
Outros conceitos, tais como o de "mundo interno", "mundo externo", "singularidades", "componentes individuais", "personalidade", "subjetividade" e outros tantos, vão definitivamente confortar a idéia de um "eu", individual que deve ser compreendido em sua particularidade.
A história da Psicologia, cuja etimologia deriva de Psique (alma) + Logos (razão ou conhecimento), se confunde com a Filosofia até meados do século XIX. Sócrates, Platão e Aristóteles deram o pontapé inicial na instigante investigação da alma humana.
Em 1649, René Descartes – filósofo francês – publica Paixões da Alma, reafirmando a separação entre corpo e mente. Pensamento que dominou o cenário científico até o século XX. Alguns pesquisadores alegam que essa hipótese assumida por Descartes foi um subterfúgio encontrado para continuar suas pesquisas, desenvolvidas a partir da dissecação de cadáveres, com o apoio da Igreja e protegido contra a Inquisição.
O fato é que no final do século XIX, os acadêmicos da época resolvem distanciar a Psicologia da Filosofia e da Fisiologia, dando origem ao que se chamou de Psicologia Moderna. Os comportamentos observáveis passam a fazer parte da investigação científica em laboratórios com o objetivo de se controlar o comportamento humano. Nesse sentido, os teóricos objetivam suas ações na tentativa construir um corpo teórico consistente, buscando o reconhecimento, enfim, da Psicologia como ciência.
É neste cenário investigativo que surgem três correntes teóricas: o Funcionalismo, o Estruturalismo e o Associacionismo.
Outras correntes psicológicas surgiram que conhecemos hoje:

Behaviorismo
Gestaltismo
Psicanálise

Concomitantemente, a este processo, surge a necessidade de uma ciência que estude, compreenda e, consequentemente, se posicione sobre este "eu" que possui características únicas e particulares. Nasce, então, a psicologia: a ciência dos fenômenos psíquicos e do comportamento, que propõe a compreensão, o conhecimento, o logos, da mente, da alma, da psyché.
Estas idéias contextualizam, de forma bem resumida, o aparecimento da psicologia: ao surgir, ela vai interessar-se na descrição do fenômeno psíquico como algo abstrato, independente da realidade externa. Dada a sua origem biológica naturalista, que entende o comportamento humano como resposta a estímulos emitidos por um organismo fisiológico, a psicologia não considerou que a sociedade na qual o homem que responde está inserido é o resultado de um processo histórico-dialético (MAURER LANE, S., T., 1985).
No Brasil a psicologia, como em qualquer outro país, foi historicamente construída e marcada pelos interesses das elites dominantes. Deste o início prestou-se, tanto como ciência quanto como profissão, para o controle, classificação e diferenciação, pouco contribuindo para reais transformações sociais (Bock, A. 2002, p. 7).
Esta breve digressão da história da psicologia no Brasil vem nos mostrar que, desde sua origem, nossa prática profissional foi marcada por uma posição ideológica clara e bem delimitada, alinhada aos interesses das elites dominantes.
Não existe clínica psicológica sem consequências, o que faz que nossas intervenções sejam, inevitavelmente, direcionamentos (Bock, A. 2002, p. 11). Psicologia é a ciência que estuda o comportamento humano e seus processos mentais. Melhor dizendo, a Psicologia estuda o que motiva o comportamento humano – o que o sustenta o que o finaliza e seus processos mentais, que passam pela sensação, emoção, percepção, aprendizagem, inteligência...
Assim, a Psicologia hoje, pode contribuir em várias áreas de conhecimento, possibilitando cada área uma gama infinita de descobertas sobre o homem e seu comportamento, ou sobre o homem e suas relações.
História da Psicologia na Bahia

Nina Rodrigues (1862-1906) tinha 17 anos quando do início formal da Psicologia. Para trabalhar com a “Psicologia do seu tempo” foi escolhido o período de 1882 a 1906, época em que a Psicologia, ainda nos seus primórdios, começava a se espalhar mundo afora.
Na Bahia, Nina Rodrigues (1939) aplicou o paradigma ao contexto social no final do século XIX produzindo conhecimentos sobre aspectos do ambiente cultural, de tipos humanos, do comportamento de grupos e de pessoas.
Rodrigues delegou o retrocesso econômico da Bahia á predominância da raça negra e aos mestiços, que, com suas doenças, costumes e religião, influenciavam a população. E concluiu que tanto a decadência do estado quanto o caráter epidêmico da doença conformavam uma enfermidade decorrente de uma e patológicas
.Nina se inspirava na produção científica de europeus que tornava patológicos os conflitos da vida cotidiana, situou os seus estudos sobre movimentos de massa como constitutivo da psicologia social.
A ausência de profissionais especializados em psicologia era grande e a sua necessidade sentida nos hospitais psiquiátricos, nas escolas e na administração pública. Nacionalmente o panorama era semelhante.
Na Bahia, João Ignácio de Mendonça e Isaías Alves de Almeida, professores de psicologia na faculdade de filosofia e pedagogia, respectivamente, foram os primeiros implementadores de conhecimentos sistemáticos de psicologia. O pioneiro de história do curso de psicologia na UFBA foi Quixote.
Constitui-se a nível nacional, em 1957 um grupo e um movimento pró regulamentação da profissão de psicólogo.
Uma parceria da cadeira de Psiquiatria com o Instituto de Seleção e Orientação Profissional da Fundação Getúlio Vargas, propiciou em 1955, treinamento em técnica de entrevista e testes projetivos para alunos da área médica da Universidade. Devido a reivindicações do professor João Mendonça e de um grupo de estudantes, não foi possível excluir os alunos de Pedagogia e Filosofia. Apesar de o IDOV ter sido criado como órgão suplementar, o Professor João Mendonça alimentava o sonho de um dia ele também ser um espaço natural de estágio para os futuros alunos do curso de Psicologia, mas este sonho não foi concretizado, pois o IDOV foi extinto. Em 1961, mudanças ocorridas nas estruturas de poder da Universidade levaram o Professor João Mendonça a solicitar providências para a criação do curso de Psicologia. A viabilização dependia de modificação no regimento Interno da Faculdade de Filosofia. Mesmo assim o projeto foi aprovado. Porém depois de o projeto adormecer por um ano na Reitoria, João Mendonça reiterou a solicitação ao Conselho Departamental, ao tempo em que comunicou a aprovação da Lei Federal 4.119, de 27 de agosto de 1962, que regulamenta a profissão de psicólogo no País.
Trocas de ofícios, cansativas providências e prolongados engavetamentos do processo demonstravam o pouco interesse na autorização do início do curso. Os prenúncios da Reforma Universitária vieram deter a marcha dos acontecimentos, o que possibilitou a criação do mencionado curso, em decorrência do clima propício a novas ações, estabelecido no Reitorado do Professor Roberto Santos. A visita ocasional da Professora Carolina Martucelli pela Bahia e seu conhecimento com o professor Roberto Santos permitiu, por um dado fortuito, que se começasse a pensar no curso de Psicologia com menos preconceito e a regulamentação da profissão do psicólogo constituiu um fato social coercitivo sobre as Universidades Públicas que, assim, se viram forçadas a assumir seu papel na formação do profissional em questão.
De 1963 à1968 houve progressos, estagnações e voltas a respeito da instalação do curso. Finalmente, em 1968 foi criado o curso de psicologia da UFBA, dez anos após ter sido fundado o primeiro curso no Brasil, em São Paulo. Várias hipóteses podem ser levantadas para responder a essa demora, preconceitos e reserva de mercado são alguns deles.

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