Resenha "Nós que aqui estamos por vós esperamos"

sexta-feira, 28 de maio de 2010 às 19:11

O documentário "Nós Que aqui Estamos por Vós Esperamos", estreado por Marcelo Masagão, resulta de um amplo estudo sobre o século 20; segundo o próprio cineasta.
Nesse relato visual da história de seus personagens, o autor utilizou imagens de sepulturas, concluindo o trabalho fazendo com que o telespectador perceba o significado do título escolhido para o filme. Nós que Aqui Estamos por Vós Esperamos sugere que a morte deixa a todos em um mesmo nível, reforçando a base religiosa que diz que o homem veio do pó e ao pó retornará independente do que realizou no decorrer da vida.
Nessa espécie de retrospectiva em forma de poesia do século 20, Marcelo Masagão inicia a comparação entre os indivíduos, procurando repassar com o mesmo grau de importância a vida de celebridades, como o bailarino Nijinski, o ator Fred Astaire e o jogador de futebol Garrincha, e das pessoas comuns, como uma empacotadora de cigarros, trabalhadores industriais e garimpeiros de Serra Pelada. Assim, o autor propõem uma conscientização do telespectador, e a importância de todos indivíduos para essa história. Todos se completando e dependentes entre si.
O filme não trata somente de uma retrospectiva, demonstra à busca dos sonhos e ideais de cada um. Onde uns se limitam à simples sobrevivência, como os operários que trabalham em indústrias automobilísticas, mas que jamais tiveram condições de possuir um automóvel. E outros comprovam a onipotência do homem, como o pintor com a roupa especial para encontrar-se com Deus, ou ainda o alfaiate francês imitando um pássaro e lançando-se da Torre Eiffel, imagem que se funde com a explosão de um ônibus espacial americano. Fica explícito o egoísmo humano e o desejo de conquistar o inconquistável. Por meio da sobreposição das imagens, o telespectador é convidado a conhecer o pensar dos personagens da história.
Vimos que a irracionalidade das guerras não deixa de fazer parte das imagens do século, onde a vaidade do homem busca sempre o poder e glória. Irracionalidade porque as guerras são

iniciadas por aqueles que nunca carregaram um fuzil ou explodiram uma bomba na cabeça de outro, são aqueles que ficam em seus escritórios ventilados no verão e aquecidos no inverno, contando as baixas do exército inimigo ou encaminhando os mortos a seus parentes, achando ainda que seus trabalhos sejam insubstituíveis e de grande importância: aqui vai um herói, que perdeu a vida lutando bravamente pela liberdade do mundo. Esses versos do soldado Kato Matsuda, morto em 1945, representam com dignidade essa visão do absurdo das batalhas.
“Papai, mamãe, me desculpem por ser
um filho ingrato.
Não há pior desgraça do que um filho
morrer antes dos pais, isso foge à ordem
natural das coisas.
No meu silêncio já refleti muito sobre
o sentido e a finalidade desta guerra.
Mas estar aí junto a vocês seria
uma grande humilhação...”
Já o final do filme, uma leitura cinematográfica de "A Era do extremos" de Eric Hobsbawm, retrata o surgimento da Globalização e seus benefícios/malefícios.
As imagens de maquinários, invenções, fumaça, rotinas trabalhistas... Aparece com o surgimento da globalização, fato de grande avanço na história da humanidade e continua sendo até a época presente, mas, a globalização também teve o seu aspecto negativo. Esse avanço tecnológico que substituiu o cheirinho dos cavalos nas carruagens pela fumaça dos automóveis, e a mão-de-obra humana foi, pouco a pouco, sendo substituída por máquinas. Esse exemplo é trazido pelo filme, quando vemos que a fabricação de um carro demorava cerca de doze horas para sua total conclusão, e com a globalização esse tempo diminuiu para aproximadamente uma hora e trinta minutos.
Com isso a ganância das pessoas pelo capital aumentou, os conflitos e as guerras tornaram-se mais constantes. E falando em guerra... Ela é muito salientada no filme, sobretudo as mortes que ela ocasiona.
A globalização, trouxe conseqüências positivas e negativas. Muitos foram os ganhos: Eletricidade, equipamentos modernos, automóveis... E muitas foram as perdas: desde a perda de um emprego até a perda da própria vida em guerras de interesses econômicos.

Com esse documentário, aprendemos ver a individualidade de cada um que morre numa guerra, concluindo que a globalização além de afetar as áreas econômicas, políticas, culturais e religiosas, afetou também o pensamento do homem. Muitas foram as mortes, muitos foram os homens desempregados e muitas foram as garotas que abandonaram o ballet... Sobretudo, não podemos assumir um caráter revolucionista e precipitado, só criticaando a globalização, pois se não fosse por ela, talvez nem estivéssemos aqui.
Com a tela bombardeada com imagens que resgatam a memória do século, uma melancolia ressaltada pela trilha sonora, existe também momentos que sugerem certo otimismo em relação ao futuro. Essa busca da felicidade é o objetivo que melhor traduz o que deveria ser a essência da existência humana, mas será que a felicidade existe?

“Dizem que em algum lugar, parece que no Brasil, existe um homem feliz.”

O que mudou com a Reforma Psiquiátrica

às 18:24

Este texto foi elaborado com base em pesquisas bibliográficas e uma entrevista realizada com um profissional da área. Tem como objetivo esclarecer as mudanças causadas pela reforma psiquiátrica e o principal, mostrar a necessidade existentes e as mudanças que devem sair do papel.
A reforma psiquiátrica tem se configurado em um campo de conflito bastante intenso visto que a reforma proposta por distintos grupos sociais apresenta divergências em relação ás mudanças a serem realizadas, conforme a inserção social e interpretação do sujeito que a apresentam.
As propostas impostas por alguns questionadores foram procurar romper com a tradição dos manicômios no Brasil. E em 1971, Basaglia fecha os manicômios acabando com a violência dos tratamentos e põe fim a instituição psiquiátrica tradicional. Em 13 de maio de 1978 foi instituída a Lei 180, de autoria de Basaglia, que não só proíbe a recuperação dos velhos manicômios e a construção de novos como reorganiza os recursos para a rede de cuidados psiquiátricos, restitui a cidadania e os direitos sociais dos doentes e garante o direito ao tratamento psiquiátrico qualificado.
Através das respostas do profissional da área de saúde mental podemos avaliar se as reformas feitas foram aplicadas ou não. Por intermédio dessa entrevista concluímos que o II Congresso Nacional do (MTSM) Movimento dos Trabalhadores de Saúde Mental, em Bauru, SP e a I Conferência Nacional da Saúde Mental no Rio de Janeiro contribuíram para a reforma psiquiátrica no nosso país, pois reuniu os maiores nomes da época em saúde mental, que a implantação do CAPS no Brasil representa uma revolução no tratamento de forma a enxergar e lidar com a saúde mental. Os CAPS representam a possibilidade real do fim dos depósitos humanos. Que a lei de Paulo Delgado que determina o fim dos leitos psiquiátricos por uma rede integrada de saúde mental foi aprovada e vem sendo aplicada aos poucos nos nossos dias.
Observamos que a reforma psiquiátrica não funciona da maneira para qual foi concebida ou como deveria, pois não é uma mudança fácil e precisa de tempo para se adaptar. Cobranças devem ser feitas pelos profissionais da área.
A reforma como todo projeto tem o seu lado positivo e negativo. A liberdade que dá, a inovação na maneira de tratar o doente, de reinseri-lo na sociedade são muito positivas. Já o lado negativo encontra-se nos equívocos de sua implantação. Confirmamos que existe uma grande preocupação por parte dos profissionais com os cuidadores, mas por falta de estrutura e programas o que tem sido feito em relação a tais é pouco, apenas o acolhimento dos profissionais é o que eles podem ter.
Os CAPS tem feito mudanças significativas para o paciente e sua família. O programa de Volta para casa tem ajudado muito esses pacientes, pois permite que tais convivam com o mundo social que favorecem o estado psíquico. Mas há muito para fazer, cobranças devem ser feitas, mas devemos fazer a nossa parte. Não esqueça de que o cuidador também precisa ser cuidado. A reforma deve ser feita primeira em nós de maneira consciente e verdadeira e assim poderemos cobrar as mudanças ao nosso redor.

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